
Entenda a Nova NR-1: O que Exige das Empresas e sua Importância na Gestão de Riscos Psicossociais
Ana Paula Meira
5/3/20255 min read
A Norma Regulamentadora NR-1, que passará a vigorar em 26 de maio de 2025, representa um marco significativo na legislação trabalhista brasileira, especialmente no que tange à gestão dos riscos psicossociais e à promoção da saúde mental nas organizações.
Criada originalmente em 1978 pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a NR-1 estabelece as disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, funcionando como norma estruturante para as demais NRs. Seu objetivo principal é definir responsabilidades, direitos e deveres de empregadores e trabalhadores na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Com a atualização mais recente, a NR-1 passa a incorporar a saúde mental como uma dimensão legal da segurança do trabalho, exigindo a implementação do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), que agora inclui, além dos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, os riscos psicossociais.
NR-1 e a Virada de Chave na Proteção Psicossocial do Trabalhador
A relevância da NR-1 para a segurança no trabalho é evidente, pois aborda questões que historicamente foram marginalizadas nas políticas de saúde ocupacional. Ao incorporar a saúde mental como uma dimensão legal, a norma reflete uma mudança de paradigmas em relação às condições que os trabalhadores enfrentam cotidianamente.
Este novo enfoque é crucial, visto que, com o aumento das demandas e pressões no ambiente corporativo, os problemas relacionados à saúde mental se tornaram cada vez mais prevalentes e reconhecidos como uma questão de saúde pública que demanda ação imediata.
No cenário atual, o bem-estar mental dos colaboradores é um fator essencial para a produtividade e o sucesso das empresas. Trabalhar em um ambiente que não reconhece ou minimiza as necessidades psicológicas dos empregados pode levar a altas taxas de absenteísmo, quedas de desempenho e até mesmo ao surgimento de doenças mais graves.
Assim, a legislação que regulamenta esses aspectos, como a NR-1, é fundamental para promover uma cultura organizacional que valoriza a saúde mental e visa a proteção do trabalhador. Dessa forma, a norma estabelece obrigações legais e, ao mesmo tempo, promove uma transformação significativa rumo à valorização do capital humano nas empresas.
O que as empresas precisam fazer a partir de 2025?
Com a entrada em vigor da nova NR-1, a partir de maio de 2025, empresas de todos os setores estarão legalmente obrigadas a implementar medidas que garantam ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e emocionalmente sustentáveis.
Uma das principais exigências é a elaboração e manutenção de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), documento que deve identificar, avaliar e controlar os riscos presentes no cotidiano laboral incluindo os riscos psicossociais, agora incorporados de forma explícita à legislação.
Mais do que um requisito técnico, o PGR representa uma ferramenta estratégica de gestão. Ele deve ser construído de forma participativa, atualizado conforme as dinâmicas organizacionais e conectado com uma abordagem ampla de prevenção: o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
A ausência de um programa consistente ou a negligência no cumprimento dessas diretrizes pode acarretar penalidades significativas, impactando diretamente a reputação, a operação e as finanças das organizações.


Gerenciando os Riscos Psicossociais com GRO e PGR
O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) tornam-se, a partir de 2025, os principais instrumentos para cumprimento da NR-1 atualizada. Mais do que sistemas formais de prevenção, eles operam como ferramentas de transformação da cultura organizacional.
Esses mecanismos oferecem uma estrutura metodológica que orienta a identificação, avaliação e mitigação de fatores psicossociais que comprometem a saúde emocional — como sobrecarga de tarefas, assédio, jornadas exaustivas e desorganização das relações.
Para atender à norma, as empresas precisarão:
Realizar diagnósticos que revelem pontos críticos de estresse e sofrimento psíquico;
Monitorar esses riscos de forma contínua e integrada à gestão;
Documentar evidências claras das ações preventivas;
Responsabilizar lideranças pela criação de ambientes emocionalmente seguros.
E mais do que isso: será necessário desenvolver escuta ativa e vigilância emocional, com apoio de dados concretos. Uma avaliação psicossocial eficaz exigirá múltiplos métodos — qualitativos, semiquantitativos e quantitativos — conforme prevê a Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) da NR-17.
Mais do que cumprimento de norma: uma convocação à responsabilidade institucional
Com essa recente implementação da nova NR-1, a saúde mental foi posicionada como um aspecto essencial na gestão das empresas.
A norma não apenas exige, mas também incentiva práticas que priorizam o bem-estar psicoemocional dos colaboradores, promovendo um ambiente de trabalho saudável e equilibrado. Compreender a saúde mental como uma prioridade legal é fundamental para que as organizações se adequem às novas demandas regulatórias e, ao mesmo tempo, desenvolvam uma cultura organizacional positiva.
A inserção da saúde mental nas estratégias corporativas transcende o cumprimento de obrigações legais. Ela representa uma mudança de paradigma que reconhece a interação direta entre o bem-estar psicológico dos trabalhadores e a produtividade organizacional.
Organizações que investem na saúde mental não apenas estão em conformidade com a legislação, mas também demonstram um compromisso com a qualidade de vida de seus funcionários. Isso resulta na atração e retenção de talentos, já que profissionais tendem a preferir ambientes que cuidam do seu bem-estar mental.
De Clima Tóxico à Cultura de Cuidado: um Desafio Estratégico
A negligência com a saúde mental tem custos altos: turnover elevado, absenteísmo recorrente, baixa produtividade e riscos jurídicos. Dados apontam que ambientes emocionalmente inseguros aumentam o índice de afastamentos e abrem espaço para ações trabalhistas. É um ciclo silencioso, mas devastador.
Por outro lado, empresas que investem em bem-estar emocional colhem resultados expressivos. Ambientes saudáveis contribuem diretamente para o aumento da produtividade, inovação e retenção de talentos. E mais: reforçam a reputação da empresa como um lugar onde vale a pena permanecer.
Não é Apenas Sobre Conformidade. É Sobre Consciência.
Com a NR-1, a saúde mental deixa de ser um gesto voluntário e passa a ser uma exigência regulatória. Mas o verdadeiro avanço ocorre quando as empresas compreendem que cuidar do emocional é, antes de tudo, um compromisso com o humano.
Diagnósticos, PGR, AEP, treinamentos de lideranças, programas de apoio psicológico — tudo isso importa. Mas nenhum desses recursos substitui a intencionalidade de uma cultura que valoriza a escuta, respeita a singularidade e transforma o trabalho em espaço de vínculo, e não de desgaste.
Conclusão: do Compromisso Legal ao Legado Humano
Mais do que uma mudança normativa, a atualização da NR-1 representa um convite à transformação profunda da cultura organizacional brasileira. Ao reconhecer a saúde mental como uma dimensão legal da segurança do trabalho, o Estado legitima algo que há tempos se fazia urgente: o cuidado com as emoções como parte indissociável da gestão.
As organizações que abraçarem esse novo paradigma com seriedade e responsabilidade não estarão apenas cumprindo uma exigência regulatória — estarão assumindo um papel de liderança ética e estratégica.
Na AHURA, acreditamos que empresas que escutam, crescem. Que ambientes que acolhem, retêm. Que lideranças que cuidam, transformam. A NR-1 é o ponto de partida para uma nova era: onde o cuidado deixa de ser periférico e passa a ser parte central das decisões corporativas.
Agora, mais do que nunca, é hora de agir com intenção, escuta e coragem.
Porque o futuro do trabalho será humano — ou não será.
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